"...
-Veda-te os olhos e enchergarás mais profundo que a visão de um falcão.
-Tão bela é a superfície, quando ainda lhe és desnecessário enchergar o interior das coisas. Afetam-te as belezas porque vês. Não se apaixonas pelos meus sentimentos, e sim, pela minha carne.
Indagou então o cândido Parkamis:
-Mas diga-me então, como não se apaixonar por ti, que é a mais bela mulher que já passou pela cidade. A melhor dançarina que já vimos sobre os palcos. Todos homens apaixonaram-se por ti. Desde os mais pobres e humildes buscadores de noites de diversão até os mais importantes doutores frequentadores desta casa noturna.
Riu-se e disse Aluahara:
-É fato que o que diz nada têm de verdade. Danço o mundo, danço a vida, a música é minha alma e a dança é a imagem dessa alma. A beleza que vocês dizem apenas serve para ofuscar o meu talento e impedir-me de um dia apaixonar-me verdadeiramente.
-Todos aqui estão cheios por fora e vazios por dentro. Amam por fora e por dentro estão apodrecendo aos poucos. Irei embora esta noite, e amanhã outras dançarinas virão, e vocês já terão um novo amor.
Insistiu Parkamis:
-Oh! Dai-me um beijo então, e mesmo que tudo que digas seja verdade, deixe-me amar-te ao menos essa noite. Para que eu possa no meu crédulo afirmar as mentiras mais saborosas que já proferi.
Aluahara andou lentamente até a porta, virou-se e disse:
-Pare por favor. Estás a degradar o pouco sentido que ainda me resta nessa palavra.
-Um dia beijei um homem, e depois desse dia jamais fui feliz. Esta imagem invade todas as noites os meus sonhos, afastando de mim a paz da inocência que um dia me cercara.
-Torna à tua mesa, embriaga-se, gasta todo o teu dinheiro com mulheres e cigarros e esqueça que estive aqui um dia, assim haverá falsa paz na sua vida, e certamente essa te fará sofrer menos do que um verdadeiro ou falso amor.
-Naquele dia. No meu futuro. Quero apenas reviver aquele momento do passado. Nunca amei, mas certamente aquele beijo foi uma dança. A dança que beirou mais próximo a margem do rio chamado amor.
-Devo despedir-me. Minha esperança desfalece com o tic-tac do relógio. Tornas à tua mesa, pois seu copo já está tão vazio quanto este coração.
..."
Trecho de um conto perdido.
-Veda-te os olhos e enchergarás mais profundo que a visão de um falcão.
-Tão bela é a superfície, quando ainda lhe és desnecessário enchergar o interior das coisas. Afetam-te as belezas porque vês. Não se apaixonas pelos meus sentimentos, e sim, pela minha carne.
Indagou então o cândido Parkamis:
-Mas diga-me então, como não se apaixonar por ti, que é a mais bela mulher que já passou pela cidade. A melhor dançarina que já vimos sobre os palcos. Todos homens apaixonaram-se por ti. Desde os mais pobres e humildes buscadores de noites de diversão até os mais importantes doutores frequentadores desta casa noturna.
Riu-se e disse Aluahara:
-É fato que o que diz nada têm de verdade. Danço o mundo, danço a vida, a música é minha alma e a dança é a imagem dessa alma. A beleza que vocês dizem apenas serve para ofuscar o meu talento e impedir-me de um dia apaixonar-me verdadeiramente.
-Todos aqui estão cheios por fora e vazios por dentro. Amam por fora e por dentro estão apodrecendo aos poucos. Irei embora esta noite, e amanhã outras dançarinas virão, e vocês já terão um novo amor.
Insistiu Parkamis:
-Oh! Dai-me um beijo então, e mesmo que tudo que digas seja verdade, deixe-me amar-te ao menos essa noite. Para que eu possa no meu crédulo afirmar as mentiras mais saborosas que já proferi.
Aluahara andou lentamente até a porta, virou-se e disse:
-Pare por favor. Estás a degradar o pouco sentido que ainda me resta nessa palavra.
-Um dia beijei um homem, e depois desse dia jamais fui feliz. Esta imagem invade todas as noites os meus sonhos, afastando de mim a paz da inocência que um dia me cercara.
-Torna à tua mesa, embriaga-se, gasta todo o teu dinheiro com mulheres e cigarros e esqueça que estive aqui um dia, assim haverá falsa paz na sua vida, e certamente essa te fará sofrer menos do que um verdadeiro ou falso amor.
-Naquele dia. No meu futuro. Quero apenas reviver aquele momento do passado. Nunca amei, mas certamente aquele beijo foi uma dança. A dança que beirou mais próximo a margem do rio chamado amor.
-Devo despedir-me. Minha esperança desfalece com o tic-tac do relógio. Tornas à tua mesa, pois seu copo já está tão vazio quanto este coração.
..."
Trecho de um conto perdido.
Estou te seguindo!!!
ResponderExcluirUm abração Rapah!!
Um copo tão vazio quanto um coração.
ResponderExcluir:)
briaaaan, que lindo conto. Pode deixar que to te seguindo também. beijinho =)
ResponderExcluirAdorei o conto... Lindo demais... Beijos, Bel.
ResponderExcluirEste é um trecho de um conto incompleto de minha autoria.
ResponderExcluirMuito obrigado a quem leu e gostou.
Beijos e abraços.